A citricultura brasileira enfrenta um inimigo silencioso: a podridão floral dos citrus, uma doença que há décadas desafia produtores, deixando marcas que vão além das perdas de produtividade.

Seu ciclo e sintomas sutis exigem atenção redobrada dos citricultores: o fungo causador da PFC sobrevive meses em restos vegetais e solo, esperando a próxima florada para atacar. Ignorar essa fase inicial significa correr riscos econômicos expressivos, já que, uma vez instalada, a doença exige intervenções complexas e custosas. 

Neste artigo, você entenderá como ocorre a podridão floral dos citrus, quais práticas são eficazes no combate e por que os biofungicidas têm se tornado aliados estratégicos no manejo preventivo dessa doença. Veja a seguir!

Entendendo a podridão floral dos citrus (PFC)

A podridão floral dos citrus (PFC), conhecida popularmente como “estrelinha”, é uma doença silenciosa que ataca flores e frutos jovens dos pomares. A doença chegou ao Brasil nos anos 1970, mas só ganhou atenção quando dizimou floradas inteiras em São Paulo, principal polo citrícola do país. 

O que torna a PFC tão temida é a sua capacidade de mimetizar problemas comuns. Inicialmente, parece apenas uma queda natural de frutos, mas logo surgem os cálices retidos nos ramos – pequenas “estrelinhas” que persistem por meses. Essas estruturas não apenas comprometem a próxima safra, como servem de reservatório para novas infecções. 

A chave para enfrentar a PFC está na identificação precoce de seus sintomas, que, muitas vezes, passam despercebidos.

Quais os principais sintomas da estrelinha ou podridão-floral?

Imagine um pomar onde frutos jovens caem precocemente, deixando para trás cálices presos aos ramos como pequenas estrelas marrons. Esse é o cenário clássico da PFC. As pétalas infectadas adquirem manchas róseas ou marrons, tornando-se rígidas e grudadas ao cálice – um contraste gritante com a queda fisiológica, em que as pétalas se soltam naturalmente.

Flores de citros com podridão floral dos citrus (Colletotrichum acutatum), exibindo manchas marrom-avermelhadas nas pétalas e sinais de necrose.

Os sintomas da infecção pelo Colletotrichum acutatum, agente causal da podridão floral dos citrus (PFC), são mais evidentes quando os botões florais estão nas fases de exposição do tecido branco das pétalas. Fonte: Fundecitrus

No limão ‘Galego’, as lesões nas flores são acompanhadas por um mofo salmão, sinal da frutificação do fungo. Já nas laranjas ‘Natal’, os frutos afetados não ultrapassam 1 cm de diâmetro antes de amarelar e cair. Folhas próximas às “estrelinhas” ficam deformadas, com nervuras salientes, como se o pomar estivesse envelhecendo precocemente.

O maior desafio está na detecção precoce. Durante as primeiras 48 horas, a infecção é invisível a olho nu. Só quando as chuvas cessam e o sol revela as flores murchas é que o estrago se torna evidente. Em variedades como a tangerina ‘Murcote’, a doença avança ainda mais rápido: os cálices retidos podem surgir em menos de uma semana após a florada, especialmente em solos mal drenados, onde a umidade persiste.

Esses sintomas são reflexo do ciclo da doença, que se desenvolve de maneira silenciosa e causa estragos que comprometem severamente as floradas, e, consequentemente, a produtividade dos pomares.  

Ciclo da doença: como a PFC se desenvolve nos pomares?

O ciclo da PFC começa de maneira silenciosa: o fungo sobrevive por meses em cálices retidos, folhas e até em plantas daninhas, à espera da próxima florada. Quando as primeiras chuvas chegam e a umidade se eleva, os conidióforos – estruturas de reprodução assexuada de algumas espécies de fungo – germinam e liberam conídios. Esses esporos pegam carona nas gotas de chuva, alcançando as flores como paraquedistas microscópicos.

Uma vez nas pétalas, os conídios dissolvem sua camada gelatinosa e penetram diretamente nos tecidos. Normalmente, em 12 horas, colonizam a flor; em 4 dias, os sintomas aparecem. Hoje, sabe-se que o fungo Colletotrichum acutatum não depende de ferimentos para infectar: ele penetra diretamente nas pétalas, aproveitando-se de floradas desuniformes para se espalhar. Em variedades como a lima ácida ‘Tahiti’, o problema é ainda mais crítico – suas múltiplas floradas anuais criam janelas contínuas para a contaminação pelo patógeno, exigindo vigilância redobrada durante os períodos chuvosos.

O fungo é um mestre da eficiência: uma única flor infectada pode produzir milhares de conídios, suficientes para contaminar um pomar inteiro. E não para por aí – em regiões como o Vale do São Paulo, onde as floradas são prolongadas, o ciclo se repete múltiplas vezes, criando uma espiral de infecções.

O impacto econômico dessas infecções vai além das perdas imediatas. Cada “estrelinha” deixada no pomar é um alerta para o que está por vir – uma conta que a citricultura brasileira não pode mais ignorar.

Impacto econômico da PFC na citricultura brasileira

A PFC é uma das maiores ameaças à citricultura nacional desde a sua introdução no Brasil na década de 1970 e os seus impactos reverberam até na indústria, que movimenta bilhões anualmente.

Em São Paulo, maior polo produtor, a doença já causou reduções drásticas em safras de laranja, comprometendo a rentabilidade, como as registradas em Limeira e Araraquara.  O fungo Colletotrichum acutatum não poupa variedades: limões ‘Taiti’, tangerinas ‘Murcote’ e até laranjas doces sofrem com a queda prematura de frutos jovens, que amarelam antes de cair, deixando cálices retidos.

Estimativas apontam que, para cada 100 cálices retidos nos ramos, 5 a 6 frutos são perdidos, um dreno silencioso da rentabilidade. 

No Nordeste, a umidade litorânea agrava o problema. Em Sergipe, segundo maior produtor regional, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) documentou perdas de 30% a 40%, com custos elevados de replantio e pulverizações emergenciais. Já na Bahia, pomares com floradas desuniformes afetadas pela PFC enfrentaram gastos extras com podas, prática que demanda 20% mais mão de obra.

Dessa forma, é imprescindível adotar práticas do Manejo Integrado de Doenças (MID) para mitigar os impactos causados nos pomares.

Como combater a podridão floral em citrus? 

O Manejo Integrado de Doenças (MID) é essencial para o controle eficaz da podridão floral dos citrus (PFC). Essa estratégia combina práticas culturais, monitoramento climático e a combinação de aplicações de soluções químicas e biológicas para a prevenção e o combate dessa doença dos citrus.

Em regiões como o sudoeste paulista, onde chuvas são frequentes, a sincronização das floradas com épocas menos chuvosas, por meio de manejo hídrico, e o manejo nutricional equilibrado, especialmente com cálcio, tem demonstrado resultados positivos na redução da incidência da PFC.

Além disso, o monitoramento climático complementa essas ações. Sistemas que analisam temperatura, umidade e molhamento foliar em tempo real permitem aplicações precisas de fungicidas, apenas quando o risco de surto é alto, potencializando assim, o uso de químico e preservando sua eficácia a longo prazo. 

Por fim, a  integração com biofungicidas para citrus surge como um importante aliado. Essa prática prepara o pomar para enfrentar o patógeno, reduzindo a necessidade de intervenções tardias. Mas, como esses agentes biológicos estão revolucionando o controle sustentável da PFC?

Biofungicidas: a chave para o manejo sustentável da PFC

Biofungicidas são protagonistas na nova era do manejo preventivo da podridão floral dos citrus, atuando de forma complementar aos fungicidas químicos e contribuindo para um sistema de produção equilibrado e rentável. 

Baseados em agentes que podem ser microrganismos vivos, como bactérias e fungos benéficos, ou substâncias naturais derivadas do metabolismo de microrganismos ou plantas, os biofungicidas podem atuar de diferentes formas, incluindo:

  • o estímulo à resistência natural das plantas;
  • a competição direta por recursos, como do fungo da PFC;
  • a promoção de benefícios para o crescimento e a produtividade do pomar.

Nesse cenário, o biofungicida REVERB®, da Syngenta, tem se destacado por sua ação rápida, amplo espectro e maior tempo de prateleira. Conheça mais sobre esse produto a seguir!

Proteção máxima e amplo espectro: como o REVERB® age contra a podridão floral dos citrus (PFC)?

O biofungicida  REVERB®, da Syngenta, surge como um parceiro biológico no manejo de doenças dos citrus e outras culturas, pois combina eficácia imediata com proteção prolongada para prevenção e controle da podridão floral e de outras doenças.

O primeiro diferencial de REVERB® está na sua ação rápida: os metabólitos fungicidas presentes em  REVERB® atuam desde a aplicação, neutralizando esporos de Colletotrichum acutatum (agente da PFC) antes que colonizem as flores. Essa resposta imediata reduz o risco de infecções iniciais, especialmente em condições climáticas favoráveis ao patógeno. Diferente de alguns biológicos convencionais, que podem demandar tempo para ativação,  REVERB®  já chega “pronto para combater”, promovendo a proteção das plantas desde o primeiro dia.

Após o controle inicial, as bactérias Bacillus subtilis, Bacillus pumilus e Bacillus velezensis, presentes em REVERB®, colonizam rapidamente as estruturas florais e outras partes da planta, competindo por espaço e nutrientes com o patógeno da PFC. Essa disputa direta limita a capacidade do fungo de se estabelecer, criando uma barreira biológica que complementa o manejo químico.

A formação de um biofilme protetor é outra etapa crucial. Esse escudo natural, produzido pelas bactérias, não apenas protege as colônias de Bacillus contra fatores ambientais, como também impede a fixação de novos esporos. Essa camada adicional de defesa é vital para o controle de podridão floral dos citrus, pois bloqueia reinfecções e prolonga a eficácia do manejo.

Além da proteção física, REVERB® induz a resistência sistêmica nas plantas. As bactérias presentes no produto produzem e liberam fito-hormônios e substâncias indutoras de resistência, como auxinas, ácido jasmônico e ácido salicílico. Assim, o biofungicida “prepara” os citrus para responder mais rápido a futuros ataques. Esse priming fortalece a floração, tornando as plantas menos suscetíveis à PFC e mais resilientes a estresses bióticos, um pilar essencial para o manejo sustentável de doenças em citros.

Tabela informações reverb

Integrar REVERB® ao manejo da PFC significa unir inovação, compatibilidade com químicos e sustentabilidade para um controle eficaz, que preserva a longevidade das tecnologias e a saúde do pomar. Com REVERB®, o produtor ganha um parceiro forte e um resultado certo, promovendo uma citricultura mais produtiva, sustentável e resistente à podridão floral dos citrus. 

A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, oferecendo as soluções necessárias para construirmos, juntos, um agro cada vez mais inovador, rentável e sustentável.

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